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Palestra sobre experiência de Portugal na gestão de águas residuais lota auditório

PalestraPaís de primeiro mundo, Portugal serviu hoje como grande exemplo de superação no quesito saneamento básico e tratamento de esgoto. Segundo especialistas em engenharia sanitária e ambiental, 10 anos foram necessários para o país conseguir anular os grandes índices de poluição das águas portuguesas na década de 1980. Nos dias atuais, Portugal possui sistemas eficientes de saneamento e uma gestão das águas residuais exemplar.

 

De forma simples, água residual é aquela água de uso comercial, industrial ou doméstico, definida como esgoto, que tem como destino final o meio ambiente. Este assunto foi tema da palestra “Gestão das Águas Residuais: Experiência na Região Metropolitana de Lisboa – Portugal” que aconteceu na manhã desta quinta-feira, 21, no Núcleo de Informática Educativa da Secretaria Municipal de Educação (Nied/Semec).

 

Coordenador do GESA, professor Neyson Mendonça.
Coordenador do GESA, professor Neyson Mendonça.

Promovido pela Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto de Belém (Amae) e pelo Grupo de Estudos em Gerenciamento de Água e Reuso de Efluentes (Gesa) da Universidade Federal do Pará (UFPA) o evento contou com a presença de membros do Conselho Superior de Administração da AMAE/BELÉM, profissionais, professores, estudantes e gestores da área de saneamento, não somente vindos de Belém como também de Pernambuco e Porto (Portugal).

 

Segundo o Professor Neyson Mendonça, coordenador do GESA/UFPA, um dos principais problemas que o planeta vem enfrentando é a poluição hídrica. Para ele a grande causa desta poluição está na ausência e ou ineficiência de sistemas de tratamento das águas residuais, águas essas que acabam retornando ao meio ambiente contaminando e poluindo os recursos hídricos potáveis por não terem recebido um tratamento adequado.

 

Professor da Universidade Técnica de Portugal, Ramiro Joaquim de Jesus Neves.
Professor da Universidade Técnica de Portugal, Ramiro Joaquim de Jesus Neves.

O professor de Mecânica dos Fluidos e Modelagem Ambiental do Instituto Superior Técnico (Portugal), Ramiro Joaquim de Jesus Neves, foi o ilustre palestrante e convidado do evento. Ramiro é doutor em Ciências Aplicadas pela Universidade de Liège (Bélgica) e consultor internacional em modelagem computacional hidrodinâmica de bacias hidrográficas.

 

 

“O grande desafio que Belém tem hoje dentro da gestão do saneamento é impedir que os esgotos sejam um fator de poluição. Para isso é preciso primeiro interceptar os esgotos, ou seja, a poluição em terra, depois conduzir ao local indicado para se ter um tratamento apropriado e finalmente descartar em uma região adequada” explicou Ramiro que destacou a primeira fase desse processo como a mais custosa e difícil de atingir.

 

Os sistemas de esgotamento e tratamento das águas residuais são primordiais para evitar a poluição hídrica. A região amazônica é considerada a maior bacia hidrográfica do planeta, porém, segundo o professor Ramiro, para se ter resultados positivos não basta apenas termos sistemas eficientes, o trabalho como um todo deve ser feito de forma conjunta, “O cidadão é o mais importante, cada habitante tem uma pequena responsabilidade dentro deste processo, porém se juntarmos com milhões de outros habitantes isto gera muita responsabilidade, cada um precisa fazer sua parte” afirma.

 

Antônio de Noronha Tavares, diretor-presidente da Amae.
Antônio de Noronha Tavares, diretor-presidente da Amae.

Para o diretor-presidente da Amae, Antônio de Noronha Tavares, o principal papel da Agência Reguladora é o de órgão fiscalizador e regulador do operador dos serviços de saneamento. Noronha destacou que as instituições de ensino e pesquisas na área de engenharia sanitária e ambiental podem e devem ser os grandes aliados institucionais na busca de instrumentos técnicos normativos, de tal forma a atingir os objetivos regulatórios.

 

“Promover um debate propositivo em torno da palestra de hoje foi primordial para fomentar o conhecimento acerca das questões da Gestão dos Recursos Hídricos. Devemos atentar que não existe um tratamento de esgoto ideal, mas sim o tratamento adequado para cada tipo de esgoto e condições ambientais do corpo receptor dos mesmos. As experiências internacionais expostas pelo professor Ramiro serviram como importante troca de informação entre gestores, professores e alunos da área de saneamento” diz o diretor-presidente da Amae.

 

Outro assunto exposto na palestra foi a contaminação das praias de Portugal, que nos anos 1980 eram totalmente impróprias para o banho. Nos dias atuais, essas mesmas praias estão completamente limpas graças aos avanços feitos nas estações de tratamento de esgoto do país. Sabemos que em Belém as praias do Cruzeiro (Icoaraci) e do Amor (Outeiro) tiveram o teste de balneabilidade negativo neste mês de julho, mas para o professor Ramiro Joaquim de Jesus Neves isto pode mudar assim como aconteceu em Portugal, basta atentar ao trabalho conjunto dos municípios, gestores e principalmente a população.

Texto: Caroline Torres.

Fotos: Eliza Forte.