
Até o dia 20 de agosto, os moradores da região das ilhas de Belém participam de uma série de palestras educativas que tem como tema os Sistemas de Captação de Água de Chuva (SAC), previstos para serem instalados nessas comunidades dentro do programa “Cuida Belém – Ilhas”, executado pela Prefeitura de Belém. O objetivo, com essa iniciativa, é explicar aos moradores dessas comunidades o que são e como devem ser utilizados esses sistemas, além dos benefícios que eles trarão.
Segundo Josaphat Neto, sociólogo e representante do Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Ilhas, o projeto traz novas perspectivas às comunidades ribeirinhas. “Para todo mundo água é vida, mas pra eles essa relação é um paradoxo muito grande. Ao mesmo tempo em que estão cercados por água, eles não dispoem desse recurso para o consumo”, explica.

Para o extrativista de açaí João Rodrigues Pinho, morador de Ilha Grande, projetos como esse vem diretamente ao encontro das expectativas que há muito essas comunidades têm com relação ao Poder Público. “O prefeito Zenaldo tem só dois anos de governo, o que não é muito tempo para um governante administrar um município como Belém, mas a gente já vê um avanço, com projetos como esse”, afirmou.
Assim como João, a professora Maria José Machado da Cruz, moradora há 50 anos da Ilha Grande, acredita que o SAC vai melhorar a qualidade de vida e saúde da população. “Agora teremos uma água de qualidade, água limpa”, diz a professora.

A Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto (Amae) tem colaborado com a Prefeitura de Belém para que os moradores de Ilha Grande, Combu, Paquetá, Jutuba, Ilha Longa e Murucutum, que receberão 200 sistemas de Captação de Água de Chuva, estejam devidamente capacitados para utilizá-los até início de setembro, quando serão instalados. Apesar de serem práticos e de fácil utilização, os sistemas dependem da correta utilização do usuário.
O Professor Ronaldo Mendes, chefe do Grupo de Aproveitamento de Água de Chuva, Saneamento e Meio Ambiente (Gpac Amazônia) da UFPA, explica que esses sistemas de abastecimento de água trazem inovações sociais. Eles utilizam filtros de carvão ativado, que retém as partículas sólidas existentes na água das chuvas. Além disso, a água já reservada recebe uma quantidade de hipoclorito, que garante a potabilidade do líquido.
“Eles são muito mais práticos e simples, fazem a eliminação da primeira água da chuva, geralmente mais contaminada pela poluição atmosférica. E se ainda houver qualquer resíduo de contaminação nos reservatórios, a adição do hipoclorito, a ser distribuído pela Prefeitura, elimina essa possibilidade”, assegura.
Para o sociólogo Josaphat Neto, esse é o sistema mais sustentável que existe, e as comunidades das ilhas já começam a perceber. “Hoje a gente tem que comprar água para beber e fazer comida. Com esse sistema vamos poder empregar o valor que gastamos com água em outras necessidades. Vai melhorar muita coisa”, afirma Gisele Trindade, moradora da comunidade de Periquitaquara, na Ilha do Combu.
Texto: Kennya Corrêa
Foto: Kennya Corrêa
Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto de Belém (AMAE)