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Encontro “Colóquios Ambientais” alia turismo a conhecimento científico; Prefeitura participa

Carimbó e música ao vivo.
Carimbó e música ao vivo.

Por que estudar sobre sistemas de abastecimento de água estando enclausurado dentro de uma sala de aula com ar-condicionado quando se tem, a poucos metros de alcance, a maior bacia hidrográfica do planeta? Não existe didática melhor do que a de falar sobre um assunto estando presente fisicamente nele.

Foi com esse pensamento que alunos, engenheiros, pedagogos e representantes dos órgãos de engenharia sanitária e ambiental da região Norte se reuniram na manhã deste sábado, 18, para discutir questões envolvendo água, meio ambiente e sustentabilidade em um passeio fluvial que saiu da Estação das Docas.

PúblicoO encontro “Colóquios Ambientais” foi idealizado e produzido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes/Pará) em parceria com a Valeverde Turismo. Estiveram reunidos estudantes de diversas instituições da região Norte, assim como engenheiros da área de saneamento. O evento contou ainda com a participação da Prefeitura de Belém, através da Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto de Belém (Amae).

Misturando turismo e palestras técnicas, o passeio se iniciou pela orla de Belém, passando por vários pontos importantes, que permitiram a compreensão de como se dá o abastecimento de água para Belém e suas ilhas. “O desenvolvimento de Belém foi feito de costas para o rio. Usamos muito ele para o abastecimento de água, transporte, lançamento de esgoto e até mesmo para lazer. Trazer o profissional e o aluno para conhecer a região hídrica de Belém é fazer com que ele se aproxime da sua área de atuação”, explicou o vice-presidente da Abes/Pará, David Lopes.

Unidade de captação de água do rio Guamá, Cosanpa.
Unidade de captação de água do rio Guamá, Cosanpa.

No caminho, ao passar pela unidade de captação de água superficial do rio Guamá da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), que presta serviços de abastecimento de água e esgotamento para o município de Belém, a atenção foi redobrada. Logo ao lado do ponto de captação de água do rio Guamá, a uns 200 metros encontra-se a entrada da bacia hidrográfica do rio Aurá, uma bacia intensamente explorada e degradada, face à sua intensa ocupação historicamente desordenada. Lá se encontra o antigo lixão, que serviu por mais de 30 anos como destino final do lixo do município de Belém, popularmente chamado de Lixão do Aurá.

Este lixão foi fechado no ano passado pelo prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, em atendimento a legislação ambiental e em particular à Lei 12.305, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos e que determina que os lixões existentes em todo o país devem ser substituídos por aterros sanitários, o que ocorreu, uma vez que após o fechamento do Lixão do Aurá, os resíduos sólidos do município passaram a ser depositados no Aterro Sanitário de Marituba.

Ex-presidente da Abes Nacional, Luiz Otávio Mota.
Palestra do ex-presidente da Abes Nacional, Luiz Otávio Mota.

Para o professor Luiz Otávio Mota, ex-presidente da Abes nacional, temos gravíssimos problemas ambientais e a magnitude da metrópole impõe desafios a serem corrigidos por diversas administrações do poder público, e, no caso de Belém, o mais importante a se fazer é recuperar a sanidade das regiões prejudicadas ambientalmente e viabilizar sistemas adequados de captação de água.

Na contribuição ao evento, a Agência Reguladora Municipal ministrou uma palestra sobre o Sistema de Captação de Água da Chuva (Saac) que irá beneficiar as comunidades ribeirinhas prejudicadas pelo Lixão do Aurá. Segundo a engenheira sanitarista Elenilce Freitas, também técnica de regulação e serviços públicos da Amae, criar novos sistemas é de suma importância para a melhoria de vida da população nas ilhas.

Elenilce Freitas, Amae.
Elenilce Freitas, Amae.

“Criar novos sistemas de abastecimento de água vai proporcionar qualidade de vida à população ribeirinha. Os Saacs têm por finalidade distribuir água à população ribeirinha em padrões adequados de consumo e desta forma melhorar a saúde dessas pessoas.” diz Elenilce.

Felipe Mendonça, de 22 anos, é estudante de engenharia sanitária e ambiental há dois anos e se interessou pela iniciativa de associar passeio turístico com conhecimento técnico. “Eu sempre fui muito ligado à questão de saneamento por causa da minha família que está nesse meio. Tudo que envolve questão de drenagem eu estou presente, assistindo palestras e debates”. comenta. Para Felipe, o sistema de saneamento de Belém precisa da mobilização de todos, prefeitura, população, estudantes e engenheiros, para que ocorram melhorias e que as ideias e projetos saiam do papel e sejam concretizados.

Presidente da Abes Pará, Evaristo Rezende.
Presidente da Abes Pará, Evaristo Rezende.

Encerrando o evento, o presidente da Abes/Pará, Evaristo Rezende, destacou o bom resultado da parceria que a Amae vem consolidando com a associação. Segundo ele, “Colóquios Ambientais” permitiu aos participantes enxergarem a realidade de Belém vista do rio, privilégio só de quem mora aqui e tem a possibilidade de ver a poucos passos de distância.

Texto: Caroline Torres
Foto: Caroline Torres
Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto de Belém (AMAE)